VIVE AS LETRAS!

Magazine da Faculdade de Letras
da Universidade de Coimbra

N.º8, 2.ª série, outubro de 2023

SUMÁRIO

N.º8, 2.ª série, outubro de 2023

Editorial
Albano Figueiredo

Conversas na Biblioteca
Manuel Portela

Gente das Letras
Pedro Silva

Vidas de Estudante
Ana Filipa Paz, Beatriz Sousa e Nicole Russo

Hoje Investigo Eu
Dina Sebastião

Mundivisões
Martina Matozzi

As Marcas das Letras
Javier Andreu Pintado

Photomaton
A FLUC em imagens

EDITORIAL

Albano Figueiredo

1. A FLUC iniciou o seu novo ano letivo (2023/24) com resultados muito relevantes no Concurso Nacional de Acesso e também globalmente interessantes nas candidaturas a mestrados, doutoramentos e cursos não conferentes de grau. A semana de integração e acolhimento de novos/as estudantes de 1.º Ciclo (11 a 15 setembro), a sessão de abertura do ano letivo (21 de setembro) e a comemoração do Dia Europeu das Línguas (26 de setembro), iniciativas fortemente participadas, demonstraram, também, e uma vez mais, o dinamismo de toda a comunidade FLUC.
Setembro e outubro ficaram igualmente marcados pela realização na nossa Faculdade de diversas iniciativas científicas e culturais de grande qualidade, reunindo docentes, investigadores/as e estudantes. Sente-se, assim, inequivocamente, o pulsar cada vez mais forte das Letras no contexto atual e isso reforça o ânimo e, do meu ponto de vista, consolida na UC a importância das Humanidades, das Artes e das Ciências Sociais.

2. Iniciamos agora um segundo mandato (2023-25), com muitos desafios que encaramos com entusiasmo e serenidade. Robustecer os recursos humanos da nossa comunidade e a Reforma da Oferta Formativa de 2.º e 3.º Ciclos tornam-se desígnios ainda mais cimeiros.
Estamos já a preparar propostas, para consideração superior, de lançamento de quatro vagas para professor/a catedrático/a por concurso público internacional, três delas já alocadas internamente e uma que em breve o será, e vamos lançar novos concursos para recrutamento de professores/as auxiliares.
Esperamos que entretanto o Estado português apresente soluções concretas para um futuro estável dos/as nossos/as investigadores/as.
Prosseguiremos igualmente no movimento de qualificação e rejuvenescimento do nosso corpo técnico, por forma a que nos dois próximos anos isso seja ainda mais visível.
Muito queremos também continuar a trabalhar no incremento do número global de estudantes da FLUC. O bom momento das Letras nas sociedades portuguesa e europeia é propício e, até aos limites do possível, envidaremos todos os esforços para o conseguir.
É, pois, na atratividade dos nossos 2.º e 3.º Ciclos que mais temos de centrar as nossas energias, concretizando a reforma da nossa oferta com cursos mais em linha com o mundo atual, (i) num cruzamento de saberes fundantes e matriciais da FLUC e domínios científicos de base inovadora, (ii) com exploração ainda mais forte das vertentes interdisciplinar e transdisciplinar, (iii) com sinergias com outras instituições da Universidade de Coimbra e externas e, entre outros aspetos, (iv) com metodologias diferentes, como acontece com o b-learning. Estamos agora no momento da concretização de modelos e propostas, tornando a nossa oferta muito mais competitiva e atrativa no mundo global em que nos inserimos.
Igual trabalho queremos prosseguir no lançamento de mais cursos inovadores não conferentes de grau.
É, pois, para as Pessoas e para uma Oferta Formativa de mestrados e doutoramentos ainda mais apelativa, com saídas profissionais mais diversificadas e efetivas, que trabalharemos neste mandato, mantendo e, se possível, aumentando apoios, em iniciativas, em dinamismo, na formação e na superação de anseios legítimos e geradores de transformação e reforma.

3. Quero igualmente, nesta ocasião e de modo muito sucinto, referir-me aos nossos estratégicos três Is: Investigação, Internacionalização e Inovação.
Este será um tempo muito importante para a avaliação e a projeção dos nossos Centros de Investigação. Tudo faremos para continuar a corresponder ao apoio necessário a docentes e investigadores/as no aprofundamento do seu trabalho científico e no desenvolvimento desse desígnio, envolvendo em projetos mais estudantes de pós-graduação.
Por outro lado, é necessário aprofundar o investimento na Internacionalização, suportando o contínuo estabelecimento de redes, a projeção global de resultados científicos e a integração em bases de obtenção de financiamento competitivo de docentes, investigadores/as e estudantes. Assim nos aproximaremos ainda mais do que vem acontecendo em toda a nossa Universidade e que temos de acompanhar.
Aliás, enquanto Casa de Humanidades, Artes e Ciências Sociais, não esquecemos nunca o papel central da Língua e da Cultura Portuguesas em todo este processo, para mais quando em 2024 realizaremos a centésima edição do nosso Curso de Férias de Língua e Cultura Portuguesas, que tantas e tantas gerações de todo o mundo trouxe e continua a trazer à Universidade de Coimbra. Inovação será igualmente um nosso marco, quer nos grandes projetos quer nas coisas mais simples do dia a dia. Seremos uma Unidade Orgânica que contribuirá, também a esse nível, para a dinâmica da nossa Universidade, transferindo conhecimento, prestando serviços a instituições e empresas, colaborando na afirmação do Campus da Figueira da Foz, incrementando a transformação digital e aproximando a Faculdade de públicos mais amplos.

4. Não quero, por fim, deixar de referir o investimento que continuaremos a realizar na preservação do património imaterial e edificado da FLUC, neste último caso quer no edifício central (com já setenta anos e que vem resistindo relativamente bem) quer sobretudo no melhoramento das condições de trabalho no Colégio de São Jerónimo e no Palácio Sub-Ripas. São investimentos sempre avultados e contínuos e que, estou certo, saberemos assegurar com a qualidade necessária.

5. Entre as muitas iniciativas previstas para o final deste ano civil de 2023, destaco uma, pela sua grande importância real e simbólica: a realização de um ciclo de três seminários, nos dias 21 e 28 de novembro e 5 de dezembro, para assinalar o centenário de Eduardo Lourenço. Todos/as estão convidados/as a participar.

6. E porque a FLUC é sempre movimento, convido-o/a a ler o n.º 8 desta 2.ª série do Magazine Vive as Letras!, publicação trimestral que, como sempre, pretende dar a conhecer pessoas, projetos e espaços da nossa Escola.
Um excelente ano letivo de 2023/24 para todos/as!

CONVERSAS NA BIBLIOTECA

Manuel Portela

Item 1 of 2

“Há uma incapacidade em criarmos um espaço público mais suscetível de diálogo e divergência”

Professor Catedrático no Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Manuel Portela é o atual diretor da Biblioteca Geral da UC, cargo de que tomou posse recentemente.

Como não falar, pois, de livros e do “policiamento do espírito” que assola hoje alguns países, bibliotecas públicas e escolares, editoras, conjunturas político-culturais diversas? Foi por aí que iniciámos esta “conversa na biblioteca”, ao que o nosso interlocutor retorquiu, sublinhando que “todos os livros refletem em certo sentido uma perspetiva do real que corresponde à época em que foram escritos”. Daí afastar-se claramente, como refere, dessa onda de higienização literária, o que se percebe bem, sabendo-se que Manuel Portela é alguém que não esgota a sua atividade na investigação e no ensino. É também produtor e autor de poesia visual e sonora e, como tradutor, outra das suas importantes frentes de trabalho, como especifica a certa altura, conquistou inclusivamente o Grande Prémio de Tradução (1998).

Pensamento aberto e disponível, considera, ainda, quando questionado acerca dos tiques censórios de que vamos tendo notícia, num mundo onde, paradoxalmente, se afirma que nunca se foi tão livre, que tais comportamentos refletem a existência, hoje, de “uma incapacidade em criarmos um espaço público mais suscetível de diálogo e de divergência”.

GENTE DAS LETRAS

Estudar e trabalhar na FLUC

Não estava nos planos de Pedro José Barbosa da Silva passar tantos anos sentado nos bancos da Faculdade de Letras, mas aconteceu e é por um bom motivo: ele estuda e trabalha na FLUC. Pedro é um dos três funcionários da Secretaria de Assuntos Académicos, tem 32 anos, nasceu em Paredes e, desde novembro passado, integra a equipa deste serviço. Porém, a sua história na Faculdade de Letras tem mais tempo, mais precisamente 14 anos. Em 2009 Pedro Silva ingressou no Curso de História, depois veio o Mestrado e hoje dedica-se a um Doutoramento: "No meio do meu percurso académico concorri a um concurso de reserva técnica superior da Universidade de Coimbra e tive a felicidade de vir para a Faculdade de Letras, convivo com pessoas com quem estudo e trabalho, com os meus orientadores e colegas, muitos deles deram-me aulas, é engraçado, é uma experiência diferente daquilo que eu imaginava para a minha vida profissional. No meu grupo de amigos sou a única pessoa que trabalha onde estuda e muita gente fica admirada”, comenta Pedro.


Longe da FLUC, Pedro costuma ler, ver séries e filmes, jogar jogos de computador e passar o tempo com a namorada “que também é estudante de Doutoramento”, explica. Na Secretaria de Assuntos Académicos, divide-se entre registos de teses, processos de creditação académica e é atualmente responsável por um concurso específico de ingresso no ensino superior: “No meu dia a dia trato da documentação das pessoas que querem estudar aqui e que são maiores de 23 anos. Cabe-me ajudar estas pessoas no processo de candidatura, umas já se licenciaram há muito tempo, outras concluíram o ensino secundário, já trabalham, mas nunca deixaram de sonhar com um curso superior”, resume Pedro.

Pedro Silva é aluno do terceiro ciclo em História, a sua investigação debruça-se sobre a Santa Casa da Misericórdia de Mangualde e a Santa Casa da Misericórdia de Estremoz, numa perspetiva comparada de 1700 a 1834, sob a orientação da professora Maria Antónia Lopes. Ele sorri quando recorda os tempos de estudante no secundário “com muita Física, Química e Matemática” e da reviravolta quando optou por um curso de Humanidades: “Era para entrar numa engenharia, mas no 12.º pensei melhor, gostava mesmo de História, convivi com aquele estigma de que só nas engenharias é que se ganhava dinheiro... hoje sei que os cursos da FLUC dão-nos ferramentas para um conhecimento cada vez mais interdisciplinar e mais rejuvenescido”, conclui Pedro Silva.

VIDAS DE ESTUDANTE

30 anos de Jornalismo da FLUC, ouvimos estudantes

A afirmação do Jornalismo como campo de estudo universitário em Portugal materializou-se, em Coimbra, no ano letivo de 1993/1994. Como parte das comemorações desta trajetória, a FLUC assinala, ao longo de todo este ano e com uma extensa programação, as três décadas da Licenciatura em Jornalismo, que teve as suas bases lançadas no início dos anos 90 por João Lourenço Roque, Ludwig Scheidl e Mário Mesquita.

O Magazine Vive as Letras! também se junta às comemorações, dando a conhecer as vozes das várias gerações de estudantes de Jornalismo formados e em formação na Universidade de Coimbra. Assim, na rubrica "Vidas de Estudante" desta edição temos o prazer de conhecer o trabalho de três atuais estudantes de Jornalismo e Comunicação nas secções culturais da Associação Académica de Coimbra. As alunas Ana Filipa Paz, Beatriz Sousa e Nicole Russo, que colaboram respetivamente no jornal A Cabra, na RUC e na tvAAC.

No jornal A Cabra

Na direção do jornal A Cabra está Ana Filipa Paz. Convidada para assumir o cargo de diretora em junho passado, ela afirma que a experiência é importante como uma componente prática “bastante completa e que não encontramos em mais lado nenhum”. Diz que o jornal é um lugar de muita aprendizagem, “uma escola que serve também de casa, onde conhecemos a história da Academia a fundo, com um olhar privilegiado por dentro, estando em contacto com quem a construiu e continua a construir todos os dias.

É também um lugar que reflete a paixão académica e a efervescência estudantil, características do espírito reivindicativo da AAC e impulsionadoras da força que move o trabalho voluntário dos seccionistas”. Ainda para Ana Filipa, as secções estão envolvidas num espírito de associativismo inigualável, o que muda o percurso académico de qualquer estudante. A frequentar o terceiro ano de Jornalismo e Comunicação, chama a atenção para a valorização da Associação Académica de Coimbra, “a instituição universitária com maior produção cultural e desportiva do país e, principalmente, por ser feita por estudantes e jovens voluntários, deve ser valorizada e promovida pela cidade, o que não tem acontecido da forma como acho que devia ser feito”, sublinha.

RUC

A Rádio Universidade de Coimbra tem sido o amplificador de muitas vozes estudantis ao longo dos seus 37 anos de existência. Uma delas é a da aluna Beatriz Sousa, de Jornalismo e Comunicação, que, há um ano, se tornou sócia efetiva da RUC. A porta de entrada foi o Curso de Locução e Realização e a seguir realizou o estágio de verão.

Conta que optou por esta secção da AAC porque o mundo da música sempre a fascinou e a sua vontade de aprender, de expandir o seu conhecimento musical e de encontrar pessoas com a mesma paixão foram o ponto de partida neste processo de descobrir o mundo da rádio: “O amor pela rádio tem crescido e ocupa grande parte dos meus pensamentos semanais. Desde fazer as transições, falar em direto, ter a liberdade de escolher o rumo da minha emissão e as sonoridades que nela vão habitar. Esta variedade de interesses permitiu-me expandir e decidir o que quero fazer com a minha licenciatura, perceber as áreas por que me interesso mais e porquê”, comenta Beatriz.

Na sua opinião, este trabalho voluntário não é sinónimo de tempo perdido longe do estudo académico: “Para além de nos permitir desfrutar da aprendizagem do novo, fora do ambiente académico, dá-nos a possibilidade de alinhar os nossos interesses pessoais com os profissionais. Para além da sua veia mais profissional, incute um sentido de interajuda e de convívio, quer com pessoas alinhadas com os nossos gostos, quer com pessoas de outras secções. É também um sítio de aprendizagem e crescimento, são os meus momentos em comunidade e partilha”, esclarece.

tvAAC

Nicole Russo é de Setúbal e está em Coimbra há dois anos. Foi logo no seu primeiro ano de Jornalismo e Comunicação que decidiu entrar para a equipa da tvAAC: “Começou por um interesse inicial na área da televisão, num momento em que ainda pouco ou nada sabia enquanto estudante da área. A aprendizagem na tvAAC é constante, tal como os desafios que se impõem, semana após semana. É uma televisão-escola feita por estudantes e para a comunidade estudantil, e, para mim, um início perfeito para quem, no futuro, quer trabalhar na área”, explica.

Nicole esclarece que a aprendizagem como estudante seccionista passa muito pela vontade e motivação de fazer cada vez mais e melhor e que é muito importante não encarar o tempo que se passa ali como mais uma obrigação na vida de um estudante universitário que, por si só, é sempre muito preenchida: “tenho um orgulho enorme de estar nesta secção e ter encontrado, neste caminho, pessoas que tanto me ensinaram. Sinto que, apesar de haver sempre um imprevisto, uma coisa que está a correr mal, as condições de trabalho não estarem a nosso favor, nunca baixamos os braços e damos tudo por fazer o melhor que sabemos”.

HOJE INVESTIGO EU

Na senda de investigação e lecionação interdisciplinar nos Estudos Europeus

Dina Sebastião

A investigação que tenho desenvolvido nos últimos cinco anos é sucessora dos temas e áreas científicas que advêm do meu Mestrado e Doutoramento em Estudos Europeus (EE). Fazer jus a uma área internacionalmente concebida como interdisciplinar, acarreta dificuldades de concretização num sistema académico e científico que, apesar dos apelos das agências de financiamento, se estrutura ainda sob cânones disciplinares.

É na tentativa de conciliar o objetivo de contribuir para a concretização de uma ontologia, epistemologia e pedagogia dos EE, com o avanço de conhecimento na área, aliada ao pragmatismo necessário ao cumprimento das exigências avaliadoras de desempenho científico, que tenho tentado situar a minha investigação.

Após a exclusividade da história no Mestrado, a minha dissertação de Doutoramento aliou a esta a ciência política e economia política duas áreas que têm vindo a ocupar mais espaço no meu trabalho mais recente. A investigação que desenvolvo bebe da inflexão de finais dos anos 80/inícios de 90 nos estudos da integração europeia, deparados com a insuficiência de quadros teóricos advindos das Relações Internacionais para compreender a União Europeia (UE) que se desenhava com Maastricht.

Assumiu protagonismo a política comparada, ao teorizar a UE como um sistema político, passível da observância das dinâmicas políticas de outros sistemas já conhecidos. A partir desta conceção, começam a estudar-se os efeitos sistémicos da integração europeia na política doméstica e a problematizar, com maior fundamentação empírica, a observância de princípios de legitimidade democrática na UE.

Ao abrigo desta evolução teórica, conciliada à tradição humanística que herdo da Faculdade de Letras, tenho desenvolvido investigação sobre o “défice democrático” na governação da UE e os seus processos políticos, como são exemplo os artigos científicos e capítulos “Covid-19: a different economic crisis but the same paradigm of democratic deficit in the EU”, “The Next Generation EU: a political and normative outlook of a debtor country” ou “Should we stay or should we go: EU input legitimacy under threat? Social media and Brexit" (coautoria com Susana Borges).

Na investigação sobre partidos, parto de uma perspetiva eminentemente nacional (Portugal e a Península Ibérica são negligenciados na bibliografia da área), a partir de conceitos como europeização e euroceticismo, estudando o papel destes atores políticos na UE e a influência desta naqueles. São disto exemplo “O realismo da governação e a europeização do PS (1976-1985)”, “Political parties in the EU political system” ou “Socialistas Ibéricos e a unidade europeia no pós-guerra: 1946-1974” (este com uma perspetiva historiográfica). Em fase de submissão está um artigo sobre o euroceticismo do BE e do PCP, em perspetiva diacrónica comparada, entre o período da Troika em Portugal e a fase da designada Geringonça (coautoria com Isabel Camisão). Conduzo neste momento um estudo sobre a possível inserção do Chega na linha de euroceticismo de direita populista radical europeia, o que, a comprovar-se, retira Portugal da sua condição histórica de exceção no euroceticismo de direita radical.

Lateralmente, tenho desenvolvido alguns estudos sobre Política Social e Política de Asilo da UE, às quais pretendo dar mais atenção no futuro, conjugando a investigação sobre partidos e euroceticismo, de forma a alargar o leque disciplinar de projetos de investigação com potencial de candidatura a financiamento.

Simultaneamente, tenho contribuído com uma perspetiva crítica sobre a evolução científica dos estudos da UE, desaprovando o exclusivismo teórico e temático praticado em determinadas décadas que, apesar de mais mitigado nos anos recentes, continua latente, induzido por contextos sociológicos, institucionais e editoriais da produção de ciência. É disto exemplo o artigo “Moving from EU-centrisms: lessons from the policrysis for EU studies and Global South Regionalism” (coautoria com Bruno Luciano), recentemente publicado no Journal of Contemporary European Research. Também nesta senda, de forma a atuar na formação de base dos futuros cientistas da área, procuro estudar e experimentar modalidades pedagógicas de base multi e interdisciplinar nos EE, como é exemplo o capítulo “Brexit as a breeding ground for problem-based learning” (coautoria com Sara Dias-Trindade). Desta forma, e também com iniciativas de disseminação de conhecimento para fora da academia, espero concretizar a circularidade da investigação, com uma preocupação do seu retorno social e do seu contributo para a formação de estudantes, futuros cientistas dos EE.

Dina Sebastião é professora auxiliar no Departamento de História, Estudos Europeus, Arqueologia e Artes e Investigadora integrada do CEIS20.

MUNDIVISÕES

Martina Matozzi

A FLUC sob um olhar italiano

A primeira visita de Martina Matozzi a Coimbra aconteceu há 17 anos. Estava a frequentar a Licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas (Português e Espanhol) na Faculdade de Letras e Filosofia da cidade italiana de Siena, bem perto da cidade onde nasceu, Massa Marittima, na Toscana, quando escolheu a FLUC para fazer um programa de mobilidade Erasmus no ano letivo 2006/2007. Enquanto estudante, criou a revista de poesia Andarilhos em parceria com dois amigos, na Secção de Escrita e Leitura da AAC, a SESLA.

Hoje, de regresso à FLUC como Leitora de italiano, Martina leciona desde o nível de iniciação ao mais avançado e, também, História da Língua Italiana: “É com grande felicidade, interesse e forte investimento emotivo ligado à língua italiana que trabalho aqui. A nossa Secção de Estudos Italianos constitui um dos mais antigos institutos universitários de italiano de toda a Península Ibérica, e detém uma biblioteca fascinante”, elogia.

Entre os tempos de jovem estudante Erasmus e 2022, ano em que entra na nossa comunidade para ser Leitora de italiano, Martina regressou à UC em 2010, para fazer o seu Doutoramento em Patrimónios de Influência Portuguesa. Compara o seu percurso em Coimbra com o de alguém que aprende uma língua estrangeira, processo em que, a cada passo, descobre mais significados: “Apropriando-me de uma bela definição que Ricoeur cria para falar de tradução, outro trabalho, aliás, a que me dedico, diria que Coimbra tem uma “hospitalidade linguística” que dá a possibilidade de viver e receber a língua do outro”, comenta.

Sobre a crescente participação internacional de professores e estudantes na FLUC, a Leitora opina que “não podia ser de outra forma” já que esta é uma escola das Artes, das Ciências Sociais e das Humanidades, “campos do saber de tal forma internacionais que deveriam dissipar qualquer tipo de barreira ou fronteira”. Para o fim, deixa-nos um convite italianíssimo: “Uma educação voltada para a diversidade passa pelo estudo de línguas estrangeiras - e aqui vou ser parcial, aconselhando vivamente o italiano, uma língua de cultura, contraditória como o país em que é maioritariamente falada, jovem mas antiquíssima, única mas desdobrada em múltiplas outras línguas e/ou dialetos, sempre atual, mas com um pé bem firme num passado longínquo - porque não há nada melhor de que alargar os próprios conhecimentos linguísticos para melhorar a nossa capacidade de compreensão do mundo em que vivemos”.

AS MARCAS DAS LETRAS

Javier Andreu Pintado

Javier Andreu Pintado em fotografia de Manuel Castells Clemente (Universidade de Navarra).

Javier Andreu Pintado em fotografia de Manuel Castells Clemente (Universidade de Navarra).

Pela senda do Curso de Férias rumo à 100.ª edição

“Gostava imenso de voltar!” diz Javier Andreu Pintado na entrevista concedida por e-mail, desde Espanha, para a rubrica "Marcas das Letras". “Voltar” à Faculdade de Letras, mais especificamente ao Instituto de Arqueologia, que o recebeu como estudante de Erasmus, em 1997. Realizou ali um estágio, sob a orientação do professor José d'Encarnação. Javier Andreu Pintado confessa que foi nesta altura que se apaixonou pela cultura portuguesa e resolveu voltar no ano seguinte para o Curso de Férias de Língua e Cultura Portuguesas: “O tema do meu Mestrado era lusitano e o acesso à bibliografia portuguesa era importante para mim, era essencial compreender a língua de Camões”, explica.

Atualmente, Javier Andreu Pintado é professor Catedrático de História Antiga na Universidad de Navarra, onde também dirige o Departamento de História, depois de ter sido membro do Conselho Diretivo da Faculdade. A Universidade de Navarra fica em Pamplona, cidade natal do professor.

Recentemente, coordenou um projeto europeu que tinha a FLUC como parceira, nomeadamente com a participação dos docentes Pedro Carvalho e Armando Redentor.

No quotidiano de Javier Andreu Pintado, a Língua Portuguesa mantém-se sempre presente, principalmente na leitura de bibliografia para a investigação que realiza, sobre o território atualmente português na época romana: “Tem-me ajudado na conexão com os colegas de universidades portuguesas, especialmente os que trabalham no âmbito da antiga Romanização e da Epigrafia Latina”, explica.

Da longínqua frequência no Curso de Férias de Língua e Cultura Portuguesas (onde, lembra, foi aluno de Literatura Portuguesa do atual diretor da FLUC Albano Figueiredo) permanecem também as amizades que fez com estudantes suíços, franceses, americanos e conterrâneos espanhóis. Costuma visitar Coimbra (menos do que gostaria) e sempre que retorna sente a Faculdade em “sintonia com os seus princípios e valores de modernidade, abertura e paixão pelo conhecimento”. Termina, recomendando “força e coragem no trabalho de fazer com que os estudantes se apaixonem pela busca da verdade e do conhecimento”.

PHOTOMATON

Vida da FLUC de julho a setembro de 2023

  • 2.º Fórum-Estudante de Estudos Clássicos e Humanísticos
  • Jornada "Estudar Humanidades Hoje"
  • Curso Intensivo de Português para os estudantes da Beijing Normal University
  • Conferência Internacional do Projeto COMMEMORtis - "What survives after death?"
  • 14th Celtic Conference in Classics
  • ELO Conference 2023 "Overcoming Divides: Electronic Literature and Social Change"
  • 2.ª Escola de Verão de Paleografia, Diplomática e Sigilografia
  • Universidade de Verão na FLUC
  • Cerimónia de entrega de diplomas da 99.ª edição do Curso de Férias de Língua e Cultura Portuguesas
  • Semana de acolhimento a novas e novos estudantes
  • Curso intensivo de Neerlandês "Alle Registers Open"
  • Apresentação do estudo “Diretrizes para a promoção de cidades saudáveis”
  • Primeiro dia do novo ano letivo: a FLUC em modo boas-vindas
  • Colóquio "De Alcáçova a Cidade Universitária - uma viagem pelo património artístico da Universidade de Coimbra"
  • Sessão de Abertura do novo ano letivo
  • Dia Europeu das Línguas

2.º Fórum-Estudante de Estudos Clássicos e Humanísticos.

2.º Fórum-Estudante de Estudos Clássicos e Humanísticos.

Mesa redonda da Jornada "Estudar Humanidades Hoje".

Mesa redonda da Jornada "Estudar Humanidades Hoje".

Curso Intensivo de Português para os estudantes da Beijing Normal University.

Curso Intensivo de Português para os estudantes da Beijing Normal University.

Conferência Internacional do Projeto COMMEMORtis.

Conferência Internacional do Projeto COMMEMORtis.

14th Celtic Conference in Classics.

14th Celtic Conference in Classics.

14th Celtic Conference in Classics.

14th Celtic Conference in Classics.

ELO Conference 2023.

ELO Conference 2023.

ELO Conference 2023.

ELO Conference 2023.

ELO Conference 2023.

ELO Conference 2023.

2.ª Escola de Verão de Paleografia, Diplomática e Sigilografia.

2.ª Escola de Verão de Paleografia, Diplomática e Sigilografia.

Universidade de Verão 2023.

Universidade de Verão 2023.

Universidade de Verão 2023.

Universidade de Verão 2023.

Cerimónia de entrega dos Diplomas do 99.º Curso de Férias.

Cerimónia de entrega dos Diplomas do 99.º Curso de Férias.

Semana de acolhimento a novas e novos estudantes.

Semana de acolhimento a novas e novos estudantes.

Curso intensivo de Neerlandês "Alle Registers Open".

Curso intensivo de Neerlandês "Alle Registers Open".

Apresentação do estudo “Diretrizes para a promoção de cidades saudáveis”.

Apresentação do estudo “Diretrizes para a promoção de cidades saudáveis”.

FLUC em modo boas-vindas.

FLUC em modo boas-vindas.

Colóquio "De Alcáçova a Cidade Universitária - uma viagem pelo património artístico da Universidade de Coimbra".

Colóquio "De Alcáçova a Cidade Universitária - uma viagem pelo património artístico da Universidade de Coimbra".

Sessão de Abertura do novo ano letivo, 2023/2024.

Sessão de Abertura do novo ano letivo, 2023/2024.

A Sessão de Abertura contou com a conferência de António Dias de Figueiredo.

A Sessão de Abertura contou com a conferência de António Dias de Figueiredo.

Dia Europeu das Línguas.

Dia Europeu das Línguas.

Dia Europeu das Línguas.

Dia Europeu das Línguas.

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2.º Fórum-Estudante de Estudos Clássicos e Humanísticos.

2.º Fórum-Estudante de Estudos Clássicos e Humanísticos.

Mesa redonda da Jornada "Estudar Humanidades Hoje".

Mesa redonda da Jornada "Estudar Humanidades Hoje".

Curso Intensivo de Português para os estudantes da Beijing Normal University.

Curso Intensivo de Português para os estudantes da Beijing Normal University.

Conferência Internacional do Projeto COMMEMORtis.

Conferência Internacional do Projeto COMMEMORtis.

14th Celtic Conference in Classics.

14th Celtic Conference in Classics.

14th Celtic Conference in Classics.

14th Celtic Conference in Classics.

ELO Conference 2023.

ELO Conference 2023.

ELO Conference 2023.

ELO Conference 2023.

ELO Conference 2023.

ELO Conference 2023.

2.ª Escola de Verão de Paleografia, Diplomática e Sigilografia.

2.ª Escola de Verão de Paleografia, Diplomática e Sigilografia.

Universidade de Verão 2023.

Universidade de Verão 2023.

Universidade de Verão 2023.

Universidade de Verão 2023.

Cerimónia de entrega dos Diplomas do 99.º Curso de Férias.

Cerimónia de entrega dos Diplomas do 99.º Curso de Férias.

Semana de acolhimento a novas e novos estudantes.

Semana de acolhimento a novas e novos estudantes.

Curso intensivo de Neerlandês "Alle Registers Open".

Curso intensivo de Neerlandês "Alle Registers Open".

Apresentação do estudo “Diretrizes para a promoção de cidades saudáveis”.

Apresentação do estudo “Diretrizes para a promoção de cidades saudáveis”.

FLUC em modo boas-vindas.

FLUC em modo boas-vindas.

Colóquio "De Alcáçova a Cidade Universitária - uma viagem pelo património artístico da Universidade de Coimbra".

Colóquio "De Alcáçova a Cidade Universitária - uma viagem pelo património artístico da Universidade de Coimbra".

Sessão de Abertura do novo ano letivo, 2023/2024.

Sessão de Abertura do novo ano letivo, 2023/2024.

A Sessão de Abertura contou com a conferência de António Dias de Figueiredo.

A Sessão de Abertura contou com a conferência de António Dias de Figueiredo.

Dia Europeu das Línguas.

Dia Europeu das Línguas.

Dia Europeu das Línguas.

Dia Europeu das Línguas.

Vive as Letras! é uma publicação trimestral

Próximo número: janeiro de 2024

Produção:

Gabinete de Comunicação e Imagem

Faculdade de Letras da
Universidade de Coimbra ©GCI, 2023

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