VIVE AS LETRAS!
Magazine da Faculdade de Letras
da Universidade de Coimbra
N.º 12, 2.ª série, outubro de 2024

SUMÁRIO
Editorial
Albano Figueiredo
Conversas na Biblioteca
Carlos Camponez
Gente das Letras
Marta Luro
Vidas de Estudante
Nuno Miranda
Hoje Investigo Eu
Rita Marnoto
Mundivisões
100.º Curso de Férias
As Marcas das Letras
Beatriz Ferreira
Photomaton
A FLUC em imagens
EDITORIAL
Albano Figueiredo

1. A FLUC iniciou o seu novo ano letivo (2024/25) com resultados uma vez mais muito relevantes no Concurso Nacional de Acesso ao 1.º Ciclo e também globalmente muito positivos no vasto conjunto de candidaturas a mestrados, doutoramentos e cursos não conferentes de grau (Português para estrangeiros, cursos livres do Centro de Línguas e, por exemplo, Mirandês: Linguística e Didática). A semana de integração e acolhimento de novos/as estudantes de 1.º Ciclo (9 a 13 setembro), a sessão de abertura do ano letivo (25 de setembro) e a comemoração do Dia Europeu das Línguas (26 de setembro) demonstraram igualmente o dinamismo de toda a comunidade FLUC.
Setembro e outubro ficam ainda marcados pela realização na nossa Faculdade de diversas iniciativas científicas e culturais de grande qualidade, reunindo docentes, investigadores/as e estudantes da FLUC, da UC e de todo o mundo. Continua a sentir-se, assim, o pulsar cada vez mais forte das Letras no contexto atual e isso consolida, do nosso ponto de vista, na FLUC e na UC, a importância das Humanidades, das Artes e das Ciências Sociais.
2. No preciso momento em que este número do Magazine se publica, são muitos os desafios que estão a ser concretizados com resultados efetivos, dos quais destaco a aprovação de cerca de uma dezena de novos planos de estudo de mestrados e doutoramentos, já em linha com a Reforma da Oferta Formativa de 2.º e 3.º Ciclos, e a tramitação de 17 (dezassete) concursos na área da docência (4 para professores/as catedráticos, 7 para professores/as associados/as e 6 para professores/as auxiliares). Esperamos poder iniciar também, em breve, a preparação de dois concursos para o recrutamento de investigadores/as de carreira.
Prosseguiremos no movimento de qualificação e rejuvenescimento do nosso corpo técnico. Nos últimos dias iniciou funções mais uma nova técnica superior (no Gabinete de Estágios e Saídas Profissionais) e esse é o caminho que desejamos para a nossa Faculdade.
Continuaremos a trabalhar no incremento do número global de estudantes da FLUC. O bom momento das Letras nas sociedades portuguesa e europeia é propício para tal e tudo faremos para o conseguir.
3. Quero, por sua vez, aqui deixar uma palavra de forte agradecimento e reconhecimento a todos/as os/as docentes e investigadores/as que por estas semanas desenvolvem trabalhos relacionados com a avaliação dos nossos centros de investigação por parte da FCT. Estou confiante nos resultados finais, pois posso testemunhar a qualidade e a quantidade de atividades e de projetos científicos que nos últimos anos foram realizados, com grande projeção nacional e internacional, e que muito dignificam a nossa Faculdade e a nossa Universidade.
4. Entre as muitas iniciativas previstas para o novo ano letivo de 2024/25 e que em breve serão anunciadas mais detalhadamente, realço, pela sua grande importância real e simbólica, as da comemoração dos 500 anos do nascimento de Luís de Camões e as atinentes aos 700 anos da morte de D. Dinis. Será também o ano das primeiras “Jornadas Coimbra – Salamanca”. Todos/as estão convidados a nelas participar.
5. E porque a FLUC é sempre movimento, convido-o/a a ler o n.º 12 desta 2.ª série do Magazine Vive as Letras!, publicação trimestral que, como sempre, pretende dar a conhecer pessoas, projetos e espaços da nossa Escola.
Um excelente ano letivo de 2024/25 para todos/as!
CONVERSAS NA BIBLIOTECA
Carlos Camponez

Excesso de liberdade de expressão e recuo na cidadania
Gravada na Sala Mário Mesquita, inaugurada em 20 de setembro e cujo espaço dispõe agora de um acervo de quatro mil livros doados à FLUC pela família do primeiro diretor da Licenciatura em jornalismo, esta conversa na Biblioteca com o professor Carlos Camponez teria forçosamente de decorrer sob o importante legado teórico de Mário Mesquita. A liberdade de expressão e os limites e função do jornalismo constituiram, assim, temas obrigatórios de diálogo.
Duas grandes ideias, entre muitas outras igualmente ricas, sobressaem nas palavras de Carlos Camponez: “a ideia de que temos de manter a liberdade de expressão o mais ampla possível tem um problema: por vezes tenho de ouvir coisas de que não gosto”; e “o grande problema que a liberdade de expressão nos coloca é exigir de nós que não fiquemos sentados”.
Em pano de fundo destas reflexões estava o discurso de ódio e o lugar que ele ocupa hoje no espaço público mediatizado. De acordo com o professor de Jornalismo, é essencial não desligar o que, por vezes, se classifica como excesso de liberdade de expressão da demissão do papel de cidadania que cabe e compete a cada um de nós cumprir.
GENTE DAS LETRAS
Marta Luro
A FLUC é a casa académica e profissional de Marta Filipa Pinheiro dos Reis Luro. É aqui que ela se divide entre o trabalho como Técnica Superior nos Serviços de Biblioteca e Documentação e como doutoranda em Ciência da Informação. Mas nem sempre este mundo dos livros fez parte das escolhas de Marta. Nascida e criada em Coimbra, estudou na Escola Secundária José Falcão e, de lá, seguiu para a Faculdade de Economia, onde esteve durante um ano letivo.
Decidiu mudar e escolheu a Licenciatura em Educação Básica da Escola Superior de Educação de Coimbra para a sua formação de 1.º ciclo. O seu primeiro emprego foi a dar aulas em Atividades de Enriquecimento Curricular para crianças com necessidades educativas: "Fui professora na escola onde estudei, em Montes Claros", conta Marta.
A Faculdade de Letras entrou na vida de Marta em 2009, através do Curso de Especialização em Ciências Documentais (hoje, Mestrado em Ciência da Informação): "Fui trabalhar, ao mesmo tempo, para a biblioteca do RÓMULO - Centro Ciência Viva da Universidade de Coimbra. Depois, trabalhei na Imprensa da UC, também na área editorial, onde comecei a ter primeiras experiências com os repositórios institucionais – bibliotecas digitais Alma Mater, Pombalina. E a seguir fui trabalhar para o SIBUC – Serviço Integrado das Bibliotecas da Universidade de Coimbra", explica. O Mestrado em Ciência da Informação foi o tempo de aprofundamento experimental, teórico e crítico dos conhecimentos profissionais que já acumulava, o que naturalmente a levou ao Doutoramento, também aqui na FLUC: "Estou no segundo ano desta nova empreitada, que chegou ao mesmo tempo do meu trabalho como Técnica Superior nos Serviços de Biblioteca e Documentação desta casa. A minha dissertação de Mestrado foi na área dos repositórios institucionais; para o 3.º ciclo estou a preparar o meu Projeto de Tese na área da inteligência artificial e como esta está a ser usada ao serviço dos arquivos".
O entusiasmo com que fala do seu trabalho e do seu estudo é contagiante, mas não se compara à doçura que coloca nas palavras quando fala da vida familiar e do Guilherme e da Lara: "Os meus filhos... ele está com nove anos e ela com seis, são os meus companheiros, já estão a despertar mais para as artes, já querem ir ao cinema, já querem teatro, ver espetáculos – vida social outra vez, que bom! O Guilherme também já está mais crescido e começa a estar mais sensibilizado para a História de Portugal e outras coisas do património. É muito giro, porque agora são os meus parceiros nas visitas a monumentos, museus, castelos – tudo outra vez, o que é uma maravilha e eu adoro!"
Diariamente, Marta Luro dedica-se ao trabalho bibliográfico dos livros da Faculdade de Letras com o objetivo de disponibilizar todo este manancial de conhecimento a estudantes, professores/as e investigadores/a: "Para mim, o importante é dar o máximo de formação possível aos alunos e alunas, aos utilizadores, para, através do nosso site ou no catálogo, que é integrado, saberem como aceder às obras, criarem alertas de novos conteúdos, guardarem pastas, gerirem pesquisas, exportarem para o email, enfim, uma série de funcionalidades importantes".

VIDAS DE ESTUDANTE
Nuno Miranda

Desde 13 de junho que o Núcleo de Estudantes da Faculdade de Letras tem como Presidente o estudante de História, Nuno Miranda. O Magazine Vive as Letras! conversou com este aluno de 25 anos, nascido em Santarém, e que veio para Coimbra para ser Engenheiro Químico."Visitei a Biblioteca Joanina quando tinha 12 anos e decidi que era aqui nesta universidade que queria estudar. Em 2016, este sonho concretizou-se e ingressei na Faculdade de Ciências e Tecnologia, onde estive por quatro anos", explica Nuno Miranda.
Conta ainda que, no final do seu terceiro ano, fez um estágio extracurricular numa fábrica de adubos e sentiu-se deslocado, "o entusiasmo tinha desaparecido" confessa. Decidiu mudar de área de estudo e, nesta mudança, teve o apoio dos pais e avós: "Ter o apoio da minha família foi fundamental, porque eu sei que não são quaisquer pais e quaisquer avós, que se chega ao pé deles, ao final de quatro anos, e se diz 'vamos ter que investir noutro caminho, porque este para mim não está a dar'. Foi um choque inicial para eles, mas nunca me disseram que não, disseram 'Vai!'", e Nuno foi. Neste caso, veio, para a FLUC. Mas, para efetivar a mudança, precisava de recursos financeiros e, durante um ano, esteve a trabalhar como caixa em um supermercado de grande superfície, considerando esta uma experiência muito importante para o seu crescimento: "Regra-geral, muitas pessoas olham para um funcionário de caixa como alguma coisa invisível – é para dar ordens e para despachar. Mas não, é uma pessoa que ali está. Aquele trabalho ensinou-me a lidar com situações de stress."
Depois de quatro anos como aluno de Química e mais um a trabalhar num supermercado, Nuno candidatou-se ao Curso de História na Faculdade de Letras: "Não foi um percurso fácil, eu não entrei na primeira, nem na segunda fase – eu já não estava a contar – mas recebi um mensagem da Universidade que dizia 'Parabéns, ficou colocado na Universidade de Coimbra, na Faculdade de Letras”, numa sexta-feira de outubro de 2021 e na segunda-feira seguinte eu já aqui estava, tendo aula de "Tempo, espaço e memória – iniciação ao pensamento histórico”, com o professor Luís Trindade", recorda Nuno, emocionado.
O seu percurso com o NEFLUC começou com uma chamada de cooperação para o Jornal Hermes – o jornal do Núcleo de Estudantes, e tornou-se colaborador. E depois, a partir do jornal, acabou por ajudar em várias atividades: "Uma delas foi a primeira edição do Encontro Nacional de Estudantes de Letras, em abril de 2023. Aqui aprendi a valorizar o trabalho em equipa, no qual sempre vai haver opiniões divergentes, o que é normal e saudável – só que, lá está, temos de aprender a trabalhar uns com os outros e encontrar consensos, estruturar ideias conjuntas", acrescenta.
O trabalho no NEFLUC intensificou-se e dirigir o Núcleo foi o passo seguinte: "A minha evolução de colaborador do Hermes a Presidente do Núcleo foi isso mesmo: muito esforço em conjunto – que deu trabalho e que deu resultados", explica.
Neste ano letivo de 24/25 vai concluir a sua Licenciatura em História e Nuno Miranda já avança ideias para o futuro, o seu e o do NEFLUC: "Uma das nossas bandeiras é a criação de um caderno de pretensões para o futuro professor. Portanto, dentro das grandes dificuldades que são seguir a carreira da docência no nosso país, o Núcleo pretende, em conjunto com a Direção Geral da Associação Académica de Coimbra, criar um caderno que mostre as preocupações dos estudantes, não só para ingressar nos mestrados de ensino, mas também ter noção das dificuldades que nos esperam enquanto professores e futuros educadores de Portugal. Já a área profissional com a qual eu mais me identifico é a investigação, mas nunca fecho as portas a ser professor, que, a meu ver, é das carreiras mais nobres."
HOJE INVESTIGO EU
Rita Marnoto

Quando entrei para a Faculdade de Letras de Coimbra, abriu-se perante mim o grande ecrã que ainda hoje continua a atrair o meu olhar: o debate em torno da forma de abordar a literatura. Os livros de leitura obrigatória ou aconselhada não constituíam propriamente novidade. Lá em casa era tão habitual ler e falar de livros como tomar as refeições a horas certas.
A onda estruturalista dominava. Tinha um grupo de amigos que gostava de debater todos esses assuntos, em animadas tardadas de conversa, com intervenções indefetíveis de alguns colegas de engenharia. Eu alinhava pelas reservas ao estruturalismo, andava ali por um Hjelmslev caldeado com o Barthes, e o Foucault parecia-me demasiado flutuante. Entretanto, ia espraiando as minhas ideias pela cadeira de Introdução à Filosofia e pelos seminários da área, a que alguns docentes me deixavam benevolamente assistir.
Guardava umas economias para apanhar o Sud Expresso, e em duas noites chegava a Paris, a cidade onde se falava a língua que me ensinavam desde os sete anos. Verifiquei que a Torre Eiffel era bem mais elegante do que nas fotografias, e os Invalides cortaram-me a respiração. Igualmente importante era regressar com um saco de livros da Fnac, com boas traduções de Bachtin e de Lotman.
Neste quadro, os Estudos Italianos foram a grande moldura que me proporcionou o espaço de liberdade no qual tive o privilégio de aprender com mestres como Gnisci, Santagata, Quondam, ou Ferroni, de fazer as minhas escolhas e de realizar os meus projetos.
Ganhei uma bolsa de estudo como estudante e fui a Itália. Visitei a Ultima cena no refeitório de Santa Maria delle Grazie, muito antes do restauro, e em Florença analisei as estratificações de Santa Maria Novella com espírito filológico. Tudo isso gerou um certo frisson, mas não era nada de novo. Eram imagens que se podiam ver em livros e guias. O que verdadeiramente me marcou foi Kosuth, Pistoletto ou Zorio na Galleria Nazionale. Esses não faziam parte do mapa, e permitiram-me compreender melhor Garcilaso ou Debussy. A convicção de que a melhor forma de ler um texto é confrontá-lo com outro texto e de que compreender uma língua é confrontá-la com outras línguas ia ganhando profundidade. Os primeiros artigos académicos que escrevi foram dedicados à literatura contemporânea: Umberto Eco, Italo Calvino, Vittorini, Cardoso Pires. Eram, contudo, terrenos exíguos, Escolhi como tema de doutoramento o petrarquismo português. Mostrava que o petrarquismo não era um fenómeno ali na margem, mas um alicerce indispensável para compreender o Renascimento português, espanhol, francês, italiano e por aí fora. Paralelamente, também Petrarca só podia ser entendido no seu diálogo com a latinidade (benditos os meus anos de estudo de latim e grego), com os provençais, com os Padres da Igreja e com a contemporaneidade. A Itália nunca foi particularmente recetiva à escola do ressentimento. O seu policentrismo vinculou-a às articulações da história. Para Gramsci, no plano da superação, para Garroni no plano da inviabilidade de sistemas monolíticos. Mas o grande livro estava ainda para chegar. Era de Umberto Eco e tinha por título I limiti dell’interpretazione. Ia de Joyce à Gioconda, mostrando que a semiose ilimitada não é uma deriva, mas condição para acordos de interpretação. Nele encontrei os fundamentos da coerência do meu trabalho. Em todos os livros de teoria crítica que depois li com interesse, reli esses três autores. As tarefas de direção de unidades orgânicas que desempenhei desenvolveram-se em diálogo entre áreas do saber: o Instituto de Investigação Interdisciplinar e o Colégio das Artes. No âmbito da investigação, jamais poderia ser a estudiosa de um único livro ou de um único autor. Línguas, literaturas e culturas não são, para mim, senão fatores dinâmicos. Tanto melhor compreendidos serão, quanto mais solidamente inseridos numa rede intersistémica. Hoje, essa visão permite-me compreender Pasolini, e assim integrar, em Itália, a comissão governamental para o centenário do seu nascimento, e também compreender Camões, num período de comemorações. Os projetos de investigação que para mim foram mais produtivos fizeram-se em colaboração: o comentário a Camões, com quatro volumes publicados; os seminários do Centro Studi Europa delle Corti, notável fulcro de inovação e partilha de saber; e o projeto do Centre International d’Études de Genève, dedicado à edição crítica da obra de Camões. Camões tem vindo a adquirir um lugar central no meu trabalho, juntamente com Pasolini e Calvino. As quatro edições de Os Lusíadas que nos últimos anos preparei vão do menos complexo ao mais elaborado. A primeira foi feita em colaboração com um designer gráfico; a segunda com uma equipa italiana; a terceira com dez ilustradoras. Esse tirocínio foi fundamental para a criação do método de análise material que cruzei com o recurso a plataformas, e que usei na quarta destas edições, a da princeps de 1572. Permitiu-me atestar a existência de um fake da edição de 1572 de Os Lusíadas. A chave para decodificar um problema que durava desde a primeira metade do século XVII foi ainda a visualidade, aquele grande ecrã que ao longo do tempo foi adquirindo proporções cada vez mais lógicas, fosse Kosuth, Pistoletto ou Camões.
Rita Marnoto é Professora Catedrática do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas
MUNDIVISÕES
100.º Curso de Férias

Há um século a FLUC ensina português a estudantes estrangeiros através do Curso de Férias de Língua e Cultura Portuguesas. Um extenso programa de comemorações intitulado "100 Anos a Abrir Horizontes" homenageou esta jornada de cem anos, sempre dedicada ao estudo e ao ensino da Língua e da Cultura Portuguesas. A centésima edição deste curso contou com 53 estudantes, de 23 países e de quatro continentes, distribuídos por cinco níveis de Português diferentes e envolveu 23 docentes em 26 disciplinas.
Para Albano Figueiredo, Diretor da FLUC, é um feito extraordinário e motivo de orgulho ter um curso desta natureza em funcionamento há 100 anos e que tem atraído anualmente dezenas de pessoas de todas as geografias, de perfis muito diferenciados e com formações muito distintas, interessadas em aprender a nossa língua, a nossa literatura e a nossa cultura: "Trata-se de uma área estratégica para a FLUC, que muito tem contribuído para a disseminação da Língua Portuguesa no mundo. Na verdade, ao comemorarmos a 100.ª edição do Curso de Férias de Língua e Cultura Portuguesas, celebramos não só a nossa língua e nossa matriz humanista, mas também todos quantos nos antecederam na construção do curso, na sua lecionação e na sua projeção internacional. "100 Anos a Abrir Horizontes" foi o nome escolhido pela equipa organizadora para esta celebração. E este é um nome feliz porque aprender línguas, no caso a nossa língua portuguesa, é criar pontes, é aprender a tolerância e o respeito pela multiculturalidade, é alargar horizontes. A Faculdade de Letras, casa das Humanidades, das Artes e das Ciências Sociais, tem obrigações acrescidas na disseminação, no ensino e no estudo da nossa língua”.
Foram três sessões científicas, momentos culturais, convívios e uma exposição para relembrar o caminho percorrido até ao centenário: no dia 24 de junho foi inaugurada a Exposição “100 anos do Curso de Férias na FLUC” com curadoria dos professores João Luís Fernandes, Luísa Trindade, Rui Abel Pereira e Javier Andreu Pintado, e de Leonardo Oliveira, colaborador do GRI. A conceção gráfica da exposição foi da responsabilidade da FBA.
No dia 3 de julho, José Augusto Bernardes, professor catedrático da nossa Faculdade, abriu a sessão com uma conferência sobre “A ideia de mundo na literatura e na cultura portuguesas: de Camões aos nossos dias”, convidando a uma reflexão sobre língua, literatura e cultura portuguesas a partir do nome maior da nossa literatura, em ano de centenário camoniano.
Houve ainda testemunhos de antigos alunos do Curso de Férias e uma mesa-redonda sobre o presente e o futuro do ensino da língua portuguesa para estrangeiros, moderada por Rui Pereira, Diretor dos Cursos de Português para Estrangeiros da FLUC, e com intervenções de Joaquim Coelho Ramos (vogal do Conselho Diretivo do Instituto Camões), Rui Gama (Diretor do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa da Universidade Politécnica de Macau) e Cristina Martins (professora do DLLC).
otestemunho de Cristina Martins conta uma história que começou em 1988, como docente de Português como Língua Não Materna: "Ainda aluna de licenciatura, dei apoio administrativo ao secretariado do Curso, e guardo, sobretudo, a memória do fascínio que senti ao testemunhar a progressão espetacular da proficiência linguística dos alunos. Consegui perceber, na altura, que os professores do Curso de Férias sabiam muito bem fazer o que faziam e pensei, então, que também eu gostaria de aprender a fazer isto que eles sabiam fazer tão bem. Cheia de sorte, viria a ter, poucos anos depois, a oportunidade de aprender a fazer precisamente isto. Aprendi a ensinar Português como Língua Não Materna e é isso que tenho feito desde então, intersetando o ensino, a investigação e a criação de cursos e recursos para investigadores, professores e aprendentes", explica a professora Cristina Martins do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas da FLUC.
MARCAS DAS LETRAS
Beatriz Lourenço Ferreira

Trabalha atualmente na Biblioteca da Universidade de Tilburg, nos Países Baixos, especificamente nos serviços de comunicação académica, assegurando que esta universidade cumpre os seus objetivos em termos de acesso aberto: "A minha função consiste em ajudar os investigadores na definição da melhor estratégia de publicação dos seus resultados de investigação e monitorizar o progresso da Universidade rumo a uma cultura de publicação aberta e positiva. Isto inclui, por exemplo, a identificação e a orientação sobre as várias opções de acesso aberto disponíveis, tendo em conta o tipo de publicação e a seleção de canais adequados para divulgação, e a conformidade com as políticas institucionais e as das agências de financiamento", explica Beatriz Lourenço Ferreira, diplomada pela FLUC e atual doutoranda de Ciência da Informação.
Em entrevista para "As Marcas das Letras" refere que a Licenciatura e o Mestrado em Ciência da Informação lhe proporcionaram não só uma sólida base teórica, mas também a capacidade de refletir criticamente sobre o papel da informação na construção do conhecimento e na tomada de decisões. "Para além disso, o ambiente interdisciplinar e dinâmico da FLUC deu-me a possibilidade de desenvolver competências em outras áreas de interesse. Também a oportunidade de realizar estágios extracurriculares me permitiu aplicar na prática os conhecimentos adquiridos ao longo do percurso em Ciência da Informação, além de me ajudar a compreender melhor o ambiente profissional em que realmente me enquadro e as suas exigências", acrescenta Beatriz Ferreira.
Atualmente é orientanda da Professora Maria Manuel Borges e investiga as práticas de construção do conhecimento dos investigadores em Humanidades Digitais em Portugal no cenário da ciência aberta: "A investigação procura em parte considerar quais as práticas e os princípios da ciência aberta, como estão a ser adotados e adaptados pelas Humanidades Digitais e de que modo as formas de produção de conhecimento são afetadas pelos sistemas de incentivos e avaliação". Sobre esta área, Beatriz Ferreira comenta: "O estudo das perceções dos investigadores em Humanidades Digitais em Portugal permite recolher diferentes experiências e práticas em torno de um mesmo objetivo, de forma a compreender, de modo alargado e enriquecedor, como uma cultura de investigação aberta pode ser uma realidade nas diferentes culturas epistémicas".
Beatriz, atual doutoranda da FLUC, lamenta não poder vir à faculdade diariamente: "Sinto saudades de viver plenamente a experiência académica em Coimbra. A dinâmica da Faculdade, com as suas inúmeras atividades e iniciativas, cria um ambiente único e muito enriquecedor. Para além disso, Coimbra, com a sua história e tradições, proporciona um cenário inesquecível o que faz com que sinta muitas saudades da própria cidade. Aos meus colegas daí: aproveitem ao máximo esta fase, tanto a nível académico como pessoal, (...) participem nas atividades, questionem, explorem novas áreas e façam valer cada oportunidade que vos for proporcionada. Coimbra será certamente uma experiência única e inesquecível!"
Beatriz, enquanto estudante em Coimbra, no Jardim Botânico.
Beatriz, enquanto estudante em Coimbra, no Jardim Botânico.
PHOTOMATON
Vida da FLUC de julho a setembro de 2024
- Última Lição de Lúcio Cunha, professor catedrático do Departamento de Geografia e Turismo
- Universidade de Verão na FLUC
- Acolhimento de novos/as estudantes
- Sessão de Abertura do novo ano letivo
- Abertura do Curso Anual de Língua e Cultura Portuguesas para Estrangeiros
- José Augusto Bernardes: novo comissário-geral para as comemorações do V Centenário do Nascimento de Luís de Camões
- Prémio Inovação J. Norberto Pires: menção honrosa para “AR73/74 - Antes da Revolução | 1973-1974” de Clara Almeida Santos e Francisco Sena Santos
- Concurso de Leitura no Ensino Superior 2024 distinguiu o estudante da Faculdade de Letras, André Paiva
- III Fórum-Estudante de Estudos Clássicos e Humanísticos
- 8.ª edição do Congresso Media Ethics
- Dia Internacional da Tradução: sessão evocativa
- 20 Anos da Licenciatura em Estudos Europeus - Conferência Internacional “25 Years of the Euro: in the Era of Uncertainty”
- Inauguração da Sala "Mário Mesquita" no Colégio São Jerónimo
- Renovação de salas de aula na FLUC
Última Lição de Lúcio Cunha, professor catedrático do Departamento de Geografia e Turismo
Última Lição de Lúcio Cunha, professor catedrático do Departamento de Geografia e Turismo
Universidade de Verão na FLUC
Universidade de Verão na FLUC
Universidade de Verão na FLUC
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Acolhimento de novos/as estudantes
Acolhimento de novos/as estudantes
Sessão de Abertura do novo ano letivo
Sessão de Abertura do novo ano letivo
Abertura do Curso Anual de Língua e Cultura Portuguesas para Estrangeiros
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José Augusto Bernardes: novo comissário-geral para as comemorações do V Centenário do Nascimento de Luís de Camões
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Prémio Inovação J. Norberto Pires: menção honrosa para “AR73/74 - Antes da Revolução | 1973-1974” de Clara Almeida Santos e Francisco Sena Santos ©DCom
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Concurso de Leitura no Ensino Superior 2024 distinguiu o estudante da Faculdade de Letras, André Paiva
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III Fórum-Estudante de Estudos Clássicos e Humanísticos ©CECH
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8.ª edição do Congresso Media Ethics
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Dia Internacional da Tradução: sessão evocativa
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20 Anos da Licenciatura em Estudos Europeus - Conferência Internacional “25 Years of the Euro: in the Era of Uncertainty”
20 Anos da Licenciatura em Estudos Europeus - Conferência Internacional “25 Years of the Euro: in the Era of Uncertainty”
20 Anos da Licenciatura em Estudos Europeus - Conferência Internacional “25 Years of the Euro: in the Era of Uncertainty”
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Inauguração da Sala "Mário Mesquita" no Colégio São Jerónimo
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Sala Mário Mesquita (Colégio São Jerónimo)
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Sala 15 (piso 5)
Sala 15 (piso 5)
Anf. VI (piso 3)
Anf. VI (piso 3)